Leia artigo original no Portal CIO
Inadimplência e os efeitos causados em profissionais da área de contas a receber
Com crise da covid-19, setores econômicos correm maior risco à inadimplência. Por isso, é preciso repensar efeitos na área de contas a receber
Por Ana Luiza Milan*
24/06/2020 às 18h00
A inadimplência não é uma situação nova para os brasileiros, visto que, ano após ano, o número de pessoas com contas em atraso aumenta significativamente no país. Para se ter uma ideia, de acordo com dados divulgados pela Serasa Experian, em novembro de 2019 foram registrados 63,8 milhões devedores inadimplentes, ante 62,6 milhões no mesmo mês de 2018.
Para lidar com esse cenário caótico provocado pela eclosão da covid-19, que projeta, pelos economistas, alta recessão, as empresas precisam estabelecer uma maneira de lidar com seus clientes inadimplentes, alinhando dois fatores primordiais: preservar as finanças do negócio e permanecer com os contratos de seus clientes ativos; e estar aberto a prorrogações e negociações de pagamentos, tanto por parte da instituição quanto pelo devedor, uma vez que todos enfrentam uma situação delicada.
É essencial que a empresa ofereça todo o suporte aos profissionais que lidam diariamente com os devedores, proporcionando estabilidade mental e física e, principalmente, bem-estar em suas atividades. Tendo em vista o cenário caótico vivido atualmente, crises de ansiedade e alto nível de estresse podem acabar eclodindo na rotina destes colaboradores.
Pressão psicológica dos profissionais de contas a receber
Sem dúvidas, um ponto que precisamos analisar com cautela e ter maior preocupação é a pressão que os profissionais da área de contas a receber das empresas estão tendo para lidar com o número crescente de inadimplentes. Nos últimos meses, por conta da atual crise, a pressão sobre esses times está ainda mais presente, colocando em risco sua visibilidade e, por conseguinte, afetando os resultados desses colaboradores e da empresa como um todo.
Não apenas no dia a dia da organização, a pressão psicológica pode afetar no bem-estar e saúde mental dos colaboradores, uma vez que lidar diariamente com um ambiente de alto estresse pode causar doenças, sejam elas provocadas por alterações bioquímicas, que ocorrem no organismo, ou por padrões de comportamento pouco saudáveis, como uma rotina exaustiva e hábitos excessivos, por exemplo. Além disso, a alta taxa de estresse provoca alterações no cérebro, deixando-o mais vulnerável à ansiedade e depressão.
Nesse sentido, alguns profissionais, como os da área financeira, são mais afetados do que outras profissões, que não lidam diretamente com o estresse no dia a dia de um contas a receber. Uma vez que estes colaboradores mantêm um diálogo próximo e frequente com os devedores, é preciso estar preparado para oferecer as melhores oportunidades e condições para cativar as pessoas. Por outro lado, também precisam estar aptos a lidar com devolutivas negativas. Sim, a crise afeta a todos e, nesse momento, ter jogo de cintura é essencial.
Além disso, é fundamental que os gestores tenham em mente que, além de bens materiais, uma empresa é composta essencialmente por pessoas, que cuidam de todas as operações e fazem com que os resultados aconteçam. E cuidar da saúde mental de seus funcionários nunca foi tão importante, poupando-os de estresse excessivo que pode trazer consequências inestimáveis.
O cenário atual é complexo e exige ainda mais responsabilidade dos profissionais de contas a receber, mas que por se tratar de uma crise que atinge as pessoas em escala global, paciência e empatia farão toda a diferença na hora de conduzir esse departamento. Na rotina corporativa, a ansiedade e o estresse são comuns e, assim como qualquer patologia, impactam negativamente na produtividade e bem-estar dos colaboradores.
Estabelecendo novos canais de diálogo
Além do bem-estar das equipes de contas a receber, outra preocupação está relacionada ao caixa da empresa. E esse é, sem dúvidas, um dos maiores desafios dentro do ambiente corporativo. Afinal, como acompanhar a carteira de clientes e conceder créditos e novos pedidos ou lidar com devedores inadimplentes? Afinal, todos esses fatores refletem diretamente na receita da instituição.
Nesse momento, uma alternativa que pode ser efetiva é analisar a gestão de risco da empresa, posto que todo seu caixa está comprometido. Verifique a possibilidade de cortes de gastos, mudanças de hábitos e todas as ações que puderem ajudar nesse processo. Além disso, é importante pensar que a crise é passageira e, com ela, é possível desenvolver relações com clientes mais duradoura no futuro. Para tanto, o diálogo entre as duas partes torna-se indispensável.
Dentro deste contexto, é preciso criar canais que permitam a aproximação com o cliente, além de buscar entender, de fato, o que ele precisa e quais são as reais condições do devedor. Lembre-se: seja razoável, oferecendo propostas que façam sentido, tanto para o financeiro da empresa quanto para o inadimplente.
O papel da tecnologia
Por fim, a tecnologia, para o segmento, acaba tornando-se grande aliada. Com sistemas inteligentes de gestão, por exemplo, é possível realizar ações preventivas e de monitoramento de potenciais inadimplentes, tornando esse processo mais preciso e seguro. Além disso, ela age como facilitadora no relacionamento com o cliente, identificando cada perfil e a forma de como abordá-lo.
Deste modo, é possível utilizar a tecnologia e inovação para apoiar diretamente na tomada de decisões estratégicas, que aprimoram o relacionamento e comunicação com o inadimplente e aponta o melhor direcionamento ao negócio.
No mais, precisamos ter em mente que logo a situação voltará ao normal e as empresas poderão prosperar mais uma vez.
*Ana Luiza Milan é cofundadora e Head de Operações na Receiv, plataforma inteligente de contas a receber. Psicóloga, com especialização em Administração de Recursos Humanos
Link do artigo completo do Portal CIO.com.br
https://cio.com.br/inadimplencia-e-os-efeitos-causados-em-profissionais-da-area-de-contas-a-receber/