Governança Corporativa: o que é e qual sua importância para empresas?
A governança corporativa se refere a um conjunto de práticas, regras, processos ou leis pelas quais as empresas são regidas, regulamentadas e/ou controladas. Tem como finalidade conduzir a organização ao aumento de transparência na prestação de contas, aprimorar os processos de controle e manter as atividades de negócios de forma ética e sem corrupção.
Tudo isso buscando facilitar uma gestão eficaz e prudente, capaz de proporcionar o sucesso a longo prazo da companhia.
Ainda, podemos dizer que a governança corporativa para médias e grandes empresas objetiva a entrada de capital financeiro – promovendo, desse modo, o crescimento sustentável.
No Brasil, o órgão de referência para o tema é o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). De acordo com ele, governança corporativa é:
“Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade”.
Como a governança corporativa funciona?
Para que empresas adotem a governança corporativa, o IBGC estabelece quatro princípios que devem ser respeitados. São eles:
Transparência
Todo sistema de governança corporativa deve ter uma gestão transparente com os stakeholders. Nesse grupo entram sócios, parceiros, investidores, fornecedores, colaboradores e comunidade.
A transparência é um dos pilares mais importantes da governança corporativa, pois garante a confiança de todas as partes interessadas. Investidores, por exemplo, preferem investir em negócios que possuam segurança, isto é, que são transparentes.
Importante destacar que transparência não diz respeito apenas às informações sobre o desempenho econômico-financeiro. As decisões e intenções devem também estar claras para os stakeholders. Em outras palavras, os aspectos tangíveis e intangíveis do negócio entram no princípio de transparência.
Equidade
A equidade garante que todas as partes interessadas tenham um tratamento justo e igualitário na empresa. O mesmo se aplica ao acesso às informações.
Na prática, cada stakeholder exerce o seu papel. Logo, cada parte interessada tem mais ou menos poder. Mas, pelo pilar de equidade, os integrantes de um grupo (por exemplo, os investidores ou sócios da empresa) devem ser tratados da mesma maneira.
O pilar de equidade trabalha no princípio de inclusão e multiplicidade de visões. Por isso, para a governança corporativa não deve existir a segregação de minorias.
Accountability
Accountability é a prestação de contas. Consiste em manter os stakeholders bem informados por meio de uma apresentação clara, objetiva e acessível da declaração das movimentações financeiras.
Segundo o IBCG, esse princípio objetiva diminuir as chances de que haja abusos por parte de sócios e administradores. Além disso, pelo princípio de accountability a empresa assume de modo integral as consequências de seus atos.
Como mostramos, pelo pilar de transparência nenhuma omissão deve acontecer. Todavia, caso ocorra, a gestão deve, obrigatoriamente, prestar contas. Ao fazer isso, a organização evita polêmicas maiores e consegue manter a credibilidade perante seu público estratégico.
Responsabilidade corporativa
Esse princípio engloba desde o zelo pela viabilidade financeira das operações da companhia até pelos seus capitais humanos, ambientais, social, reputacional, entre outros. Isso porque uma empresa responsável atua para o bem estar de todos.
A responsabilidade corporativa é, inclusive, um princípio que vem ganhando amplo destaque em todo o mundo. Afinal, as pessoas têm se tornado cada vez mais conscientes, envolvendo-se mais ativamente em questões políticas e ambientais.
Assim, companhias que assumem uma postura de responsabilidade tornam-se referência – e, claro, evitam punições que poderiam, inclusive, manchar sua imagem.
A importância para as empresas
Empresas que adotam as práticas da governança corporativa mostram ao mercado que são bem gerenciadas e que os interesses da administração estão alinhados com suas partes interessadas. Isso pode fornecer às organizações uma importante vantagem competitiva.
No que diz respeito à sustentabilidade financeira, a boa governança reduz a ameaça de segurança, questões legais e de desempenho – as quais podem impactar severamente uma organização e seus stakeholders.
Além disso, pensando que todas as empresas têm problemas e não-conformidades, aquelas que colocam a governança em prática podem minimizá-los ou isolá-los (muitas vezes, contendo o risco internamente). Desta forma, reduzem os riscos de eventuais impactos no mercado.
Outras vantagens da governança corporativa incluem:
- Processos eficientes, uma vez que tarefas passam a ter mais consistência.
- Custos reduzidos, pois a recorrência e a consistência eliminam o desperdício, retrabalho e outras ineficiências dispendiosas.
- Garantia de compliance com normas e regulamentos do setor.
- Maiores possibilidade de crescimento, pois transmite confiança aos stakeholders.
- Relacionamentos aprimorados, atraindo mais investidores, talentos, sócios e clientes.
- Reconhecimento de marca.
- Redução nos casos de abusos de poder, fraudes, roubos e erros estratégicos.
Governança corporativa para empresas negociadas na bolsa
Entendendo da importância da governança corporativa para as empresas no Brasil, a bolsa brasileira B3 também criou uma classificação para as organizações listadas no mercado nacional.
A classificação se dá de acordo com as práticas de governança adotadas pelas companhias – mostrando aos investidores o nível de respeito à transparência.
Os níveis estabelecidos pela B3 atualmente são:
- Novo Mercado: conhecido como referência em transparência e respeito aos acionistas. Empresas que fazem parte deste segmento sinalizam os mais altos níveis de governança corporativa.
- Nível 2: organizações listadas como Nível 2 buscam a evolução para o Novo Mercado.
- Nível 1: primeiro passo para empresas que buscam adotar as práticas da governança corporativa além do que a lei exige.
- Bovespa Mais: atende às pequenas e médias empresas que desejam entrar gradualmente no mercado. Para ser listada neste grupo, a organização tem o prazo de sete anos para realizar a oferta pública de suas ações.
Cada um dos níveis tem regras de emissão de ações, formação do conselho de administração, modo como relatórios financeiros são divulgados, entre outras especificidades.
A adesão à classificação acima é voluntária. No entanto, empresas que adotam um destes níveis já cumprem as exigências que a Lei das S.As (Sociedades Por Ações) obriga – conquistando, desta forma, respeito e confiança adicionais do público que têm interesse na companhia.
E qual a relação com a cobrança e gestão de contas a receber?
Já sabemos que a governança corporativa é a reunião de diversas políticas, processos regulamentos e legislações que são estabelecidas para a direção, controle ou administração de uma companhia. O reflexo dessas ações se materializa em menores riscos operacionais, riscos financeiros e riscos que afetam a reputação do negócio. Esses três tipos de riscos estão profundamente conectados com a gestão de contas a receber.
Quando o cliente inicia o relacionamento com uma empresa, significa que, por algum motivo, ela ganhou a preferência no processo de escolha. O cliente passa, então, a interagir com a cultura, valores e, principalmente, com as práticas do negócio. A relação com os clientes geralmente começa na área comercial e segue para a área financeira, momento em que o departamento de contas a receber começa a participar do relacionamento. Os profissionais do departamento devem manter o padrão de relacionamento iniciado na área comercial, com o objetivo de evitar reclamações de clientes que afetem a reputação da empresa. Assim, o departamento precisa manter canais de comunicação disponíveis, controle efetivo dos pagamentos dos clientes, enviar o meio de pagamento desejado no momento certo, manter todos os registros de interações com os clientes e, ainda, uma política de cobrança bem definida para lidar com eventos de atraso no pagamento.
Além disso, como as atividades e os fluxos de informações no departamento financeiro são complexos, existe o risco de que as ações dos profissionais estejam desalinhadas com os valores do negócio. Neste sentido, é importante haver ferramentas que permitam a realização de auditoria e verificação de todas as atividades executadas.
A violação das boas práticas de governança no departamento financeiro pode acontecer na etapa da cobrança de clientes devedores, por exemplo. É fácil encontrar notícias na internet sobre problemas no processo de seleção e distribuição de carteiras de clientes devedores para as empresas que realizam a cobrança de forma terceirizada. Muitas notícias destacam eventos de corrupção entre empresas terceirizadas e gestores das empresas para a transferência de maiores bases de clientes para cobrança, ferindo as diretrizes de governança e impactando negativamente o negócio. Neste contexto, é importante contar com ferramentas e procedimentos adequados para mitigar esses riscos. Entenda melhor a dinâmica da relação entre credores e cobrança terceirizada aqui.
Entender a importância da governança corporativa e implementá-la na organização são tarefas essenciais para manter a longevidade do negócio, a eficiência do caixa em contas a receber e uma relação saudável com o mercado.
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